Opinião

Desligue a TV e vá ler um livro

Por Eduardo Caputo
Pesquisador associado - Universidade Brown, EUA
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A Music Television Brasileira, MTV ou "MTevê", como diria Caetano Veloso, invadiu a vida dos adolescentes dos anos 1990/2000. Com sua programação repleta de videoclipes e programas de diversos formatos, não é errado dizer que a MTV moldou uma geração. Mesmo que você não tenha sido um adolescente nessa época, de alguma forma esse canal influenciou você, nem que fosse promovendo um álbum acústico da sua banda favorita. Com uma proposta diferente dos outros canais, a MTV tentava se comunicar com os jovens de uma forma mais despojada, tentando sempre que possível tratar de forma descontraída assuntos como uso de preservativo entre os jovens, entre outros temas importantes (e polêmicos).

Certo tempo, a MTV adotou uma campanha corajosa de incentivo à leitura, onde estampava na tela dos televisores a seguinte mensagem: "Desligue a TV, e vá ler um livro". Sem dúvidas, uma mensagem provocativa. Naquela época o acesso à internet era restrito. Para se conectar à rede, era necessário ter um computador, e esperar até a meia-noite, tendo em vista que a internet ainda ocupava as linhas telefônicas. Alguns anos depois, vieram as lan houses, mas confesso que ainda me perco um pouco na linha do tempo. Os celulares apenas faziam chamadas de voz e enviavam mensagens de texto, como no tempo dos Maias, Incas e Astecas. Logo, a TV era, basicamente, o único refúgio tecnológico do jovem para acompanhar seus artistas, programas, etc.

Dados mais recentes indicam que pouco mais da metade da população brasileira tem o hábito da leitura. Durante muito tempo, eu fiz parte do grupo que não lia. Não era algo que me dava prazer, pelo contrário. Preciso confessar. Mesmo que houvesse esforços dos professores em trabalhar com as histórias da Coleção Vaga-Lume, e do incentivo em casa, ainda assim eu relutava. Até hoje, não sei explicar bem o porquê. Com o passar dos anos isso foi mudando e fui encontrando os estilos que mais combinam comigo. Talvez esse tenha sido o problema, quando tentaram me inserir no meio da leitura quando jovem. A verdade é que hoje em dia consigo ler, na pior das hipóteses, um livro por ano. E, na maioria das vezes, falta tempo para conseguir ler os livros que se encontram na fila de espera da minha estante.

É claro que ler de forma regular não é algo que se desenvolve da noite pro dia. Como todo hábito, precisa de certa frequência, e a conjuntura dos dias atuais muitas vezes atua no sentido contrário. Mesmo com todo aporte tecnológico facilitando a leitura, com o uso de tablet, computador, e até mesmo do celular, ainda estamos falhando em promover esse hábito tão importante. Mesmo que eu ainda ache que ler com o bom e velho livro de papel ainda seja melhor, acredito que o uso de tecnologias pode, e deve, ser um aliado. Logicamente os motivos pelos quais as pessoas não leem são diversos, e alguns simplesmente não gostam, e está tudo bem. Não é objetivo dessa coluna julgar ninguém. Mas, se possível, desligue a TV (ou outro aparelho que distraia você), e destine um tempo para ler um bom livro. Vai te fazer bem, tenho certeza!

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